FALO OU NÃO-FALO?
Minha astróloga alertou que esse período todo o planeta estaria
muito conturbado. Sugeriu que era melhor todos se concentrarem em respirar e
não dar opinião. Vai ver que é por isso que os milhares de brasileiros nas ruas
que batiam panelas enraivecidos “contra a corrupção” ficaram calados com a
extinção da Controladoria da União, órgão fundamental ao menos nas
investigações de desvio de verbas públicas federais. Os batedores de panela estão
respirando. E eu só penso na coitada da primeira dama, afinal, agora o Brasil
dorme e acorda com aquele ser humano como presidente, agora, imagine o que é
acordar de manhã cedo e se deparar com aquela figura ao lado da cama! Ao casar
com Temer, dever ter sonhado que iria ser lembrada como uma Cleópatra, todavia,
chegou mais perto de ser Lady Macbeth e agora é definitivamente esposa de
Drácula. Representa um padrão de mulher que foi criado pelos mesmos idealizadores
de um Deus monoteísta (assim falou Zaratustra), sendo reprodutora de instrumentos
de alienação utilizados desde lá o início dessa barbárie para escravizar os “povos
bárbaros”. Esse mesmo povo “conquistador” criou todas essas instituições (inclusive
a fictícia democracia), de modo a abafar o louvor à divindade feminina
responsável pelos ciclos da vida, respeito esse encontrado justamente em todos
os “povos bárbaros”. Esse padrão machista não morre e suga o sangue das pessoas
ao longo de milênios na Ásia e Europa, há mais de quinhentos anos esses
sangue-sugas se estabeleceram no território que chamaram de Brasil e vêm
sugando a vida e riqueza das pessoas e de ecossistemas tão lindos e produtivos
que aqui residem. Mas minha astróloga disse para respirar e não dar opinião.
Vendo um país governado por homens proprietários e portardores de um paradigma de
hereditariedade de concentração de riqueza, pergunto: falo ou não-falo? Era
melhor quando era não-falo? Ou falo ou não-falo era tudo um mesmo projeto e
supostas mudanças no cenário político é só um teatrinho bizarro numa escolinha
cheia de alienados?
Então tá. Então é só-falo nos Ministérios, e não-falo nos
textos. Não-falo porque tenho que respirar. Mas ninguém falou nada sobre
repetir, afinal, todos vêm repetindo discursos como as cabras de Revolução dos
Bichos, de George Orwell. Então se é pra ter só não-falo nesse país, então vou
só repetir algo já falado, pelo menos por enquanto já que a regra agora, ao
menos temporariamente, é de não-falo. Se eu repetir algo que falei antes, como
mudei, não estarei falando, mas repetindo algo que eu disse, as quais, quando
escritas, estavam descontextualizadas do atual momento. Então falarei sobre um
escrito antigo próprio, nomeado de “várias coisas”. Disse o seguinte:
“Na cidade, há três grupamentos: bandidos, polícia e
população. Esta última se divide em vários grupamentos, alguns tranquilamente
adequados aos padrões passados pelo sistema, outros que de alguma forma
discordam, quando passam a ser chamados de “minorias”. O 1º e 2º grupamentos
estão armados, a população, não. A não ser que a palavra seja considerada uma
arma, porque, se for, então estou armada até as canetas, os teclados, as bocas
de vozes que se propagam no universo. E o que tenho a dizer: nada. Só que vá
cuidar da sua vida porque eu cuido da minha”.
(15 de maio de 2016)
(15 de maio de 2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário